quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Caravana dos Sonhos

Vou contar para vocês uma história: Era uma vez um homem que tinha sonhos muito loucos, aliás como todo bom inventor. Um dia ele juntou algumas peças que estavam na garagem e criou uma geringonça que poderia misturar rádio, tv, telefone e fazer coisas muito rápidas.Quem sabe até mesmo pensar?...
O invento deste homem foi sofrendo inúmeras modificações e melhorava a cada dia . Tudo isso aconteceu rapidamente, em algumas décadas, o mesmo tempo que levou para os homens destruírem boa parte da natureza. Enquanto o invento do qual falávamos se multiplicava e ganhava novas versões, a natureza ia sofrendo e sofrendo até que revoltada e entregue à ação do homem começou a ruir.
Vocês podem estar se perguntando: O que uma coisa tem a ver com a outra? E eu já explico: Acontece que no auge dessas transformações, quando as pessoas já se davam conta do quanto podiam usufruir deste invento e do quanto já haviam destruído a natureza, em janeiro de 2011, a região serrana do Rio de Janeiro começou a ser devastada pelos deslizamentos de terra em decorrência das fortes chuvas que caíam impiedosamente. Tanto sofrimento por parte daqueles que viveram a tragédia mobilizou outros que utilizavam a avançada tecnologia tanto na busca por pessoas desaparecidas quanto na divulgação de informações e em correntes de solidariedade. E como vimos no começo dessa história, tudo começa com um sonho. Afinal Deus nos criou com a capacidade de sonhar e de realizar. Pena que nos desviemos da rota tantas vezes... O sonho foi levar um pouco de alegria às crianças que estavam sofrendo tanto. Muitas sem família, sem casa, sem roupas, brinquedos e comida. Surgiu a ideia, no twitter, de convocarmos professores(verdadeiros sonhadores e realizadores) para essa tarefa, através de contação de histórias, brincadeiras e música. Após um breve instante a causa já havia sido abraçada pela Secretária de Educação e partimos para Nova Friburgo e Teresópolis em uma caravana de professores da SME levando livros, brinquedos e muita vontade de ajudar.
Encontramos cenas muito tristes e crianças que precisarão de muita ajuda. Não temos a pretensão de ter mudado a vida de ninguém, mas certamente mudamos a nossa.E essa história não termina aqui, pois SOLIDARIEDADE deve ser um estilo de vida e não uma ação isolada em determinado evento. Todos os dias há pessoas a nossa volta necessitando de algo. Vamos formar uma caravana de sonhos? Multiplicar as ações para que elas cheguem a todos os lugares, todos os dias? Para essa história ter um final feliz só é preciso que cada um de nós faça a

sua parte.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

EXEMPLOS DE SUPERAÇÃO

Talvez alguns já tenham assistido a esse video que recebi via twitter. Resolvi postá-lo aqui pois tem tudo a ver com a matéria desse blog e com o que me motiva em minha profissão. Saber que somos dotados de um espírito de superação que nos leva além, mesmo em situações adversas.Principalmente saber que não podemos determinar o quanto alguém pode progredir, como muitas vezes vemos ser feito. No meu caso, por exemplo, como determinar se um aluno com déficit intelectual atingirá este ou aquele objetivo? E em quanto tempo? Por outro lado, se não podemos determinar, podemos e devemos estimular e trabalhar incansavelmente para que os avanços aconteçam.

Materia da série Superação, do Hoje em Dia, da Rede Record

sábado, 8 de janeiro de 2011

O MUNDO NECESSITA DE TODOS OS TIPOS DE MENTES

Ken Robinson says schools kill creativity | Video on TED.com

Ken Robinson says schools kill creativity | Video on TED.com

TRABALHO COM ANJOS


É verdade. A princípio pode parecer que sou uma espécie de assessora para assuntos celestiais, mas não. Meus anjos são terrenos. Não têm asas nem longos vestidos, mas alguns até possuem cachinhos. Por vezes são anjos bagunceiros, aprontam, fazem o maior auê! E quando acontece de um deles querer ganhar asas de verdade, meu coração dói um bocado.
Nada começou por acaso. O trabalho junto a esses anjos (crianças e adolescentes com deficiência intelectual) foi desejado, sonhado, buscado, até tornar-se realidade. Pensei em ser Médica, tornei-me Professora!
A cada dia um avanço, uma descoberta, um passo, uma palavra, um novo aprendizado... Vitórias, conquistas, suor, dificuldades, acordar no meio da noite com uma ideia que pode ser boa para o anjinho x, anotar a ideia, pesquisar sobre a síndrome do anjinho y, novo na turma... Estudar, ler, pesquisar, por em prática! UFA!!! Confesso que adoro tudo isso!
E como não adorar? Em que outro local de trabalho eu ouviria todos os dias: “Eu te amo”, “Andréa, você é linda”, “Eu sou a sua princesa”, “Eu sou feliz” e mesmo o brilho nos olhos dos que não falam?
Problemas existem também, sem dúvida. Às vezes alguma criança deixa de tomar o remédio que faria com que ela tivesse um dia mais tranqüilo, não há auxiliares para ajudar no trabalho, há crianças que usam fraldas, meninas que ainda não aprenderam a trocar o absorvente, mães que querem (precisam) conversar... Todos necessitam ser atendidos.
Afinal, nem tudo são flores, não é mesmo? Mas essas dificuldades diluem-se no meio da jornada. Na lembrança que guardo dos anjos que agora estão em classes comuns, dos que se emocionam e me emocionam com o aprendizado da leitura e da escrita, daqueles que chegaram apáticos, não falavam e não brincavam com os colegas e hoje procuram se comunicar,daqueles que já conseguem pegar seus copos e colocar a água sozinhos...
É... meus anjos podem ser terrenos, mas acho que com eles estou bem pertinho do céu.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

UMA ESCOLHA PARA A VIDA TODA

Toda criança tem sonhos. Claro que comigo não haveria de ser diferente. Ainda pequerrucha, entre tantas fantasias (bailarina, apresentadora de telejornal, cantora, escritora...), a maior e que acompanhou-me até a adolescência era a de tornar-me Médica.
Mas havia algo mais nesse desejo: Médica de crianças, eu pensava. Até aí, nada demais, já que tantas meninas sonham em ser professoras ou pediatras, provavelmente por estarem esses profissionais tão próximos nessa fase da vida. No entanto minhas ideias a respeito dessa futura carreira iam além: crianças com algum tipo de deficiência. Por que especificamente essas crianças? Eu não saberia dizer, só sei que era algo latente em minha mente e em meu coração.
Até então eu nunca tivera contato direto com nenhum tipo de deficiência. Apenas morava próximo ao Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, que atende pessoas cegas e com baixa visão e os via entrando e saindo do Instituto. Também tinha um primo com nanismo,que morava em Portugal e eu nunca havia visto. Mas esse era um assunto que cada vez me fascinava mais. Principalmente o trabalho com pessoas com deficiência intelectual, que lá pelos anos 80 ainda eram chamadas de excepcionais ou deficientes mentais.
Nessa época comecei a sonhar (literalmente) com lugares em que eu me via cercada de crianças e a maioria tinha alguma deficiência. Muitas vezes, nesses sonhos, eu estava sentada no chão lendo ou fazendo alguma atividade com elas e pensando que aquele não era o trabalho de uma médica, mas eu estava muito feliz por fazê-lo, mesmo sem saber exatamente o que era.
Então um dia, em uma sala de espera com minha mãe, um menino com Síndrome de Down se aproximou de mim, nós conversamos e vimos revistas juntos e ele nunca vai saber o que me causou... O que era sonho para mim tornou-se certeza absoluta. Pelo menos foi o que eu pensei... Ainda não sabia que cada curva da nossa vida pode estar cheia de surpresas e como não sabia, inscrevi-me no vestibular para Medicina. Horas de estudo, escola durante a semana, cursinho aos sábados de 7h às 19h e eis que me deparo com uma dessas curvas!
Não sei como aquele jornal foi parar em minhas mãos (alguns chamarão de destino, outros dirão que foi Deus e outros ainda que foi uma simples coincidência). Eu já estava com a minha profissão escolhida, pelo menos era o que eu pensava. Abro o jornal e leio que a UERJ e uma Universidade no Rio Grande do Sul ofereciam o Curso de Educação Especial (Pedagogia com habilitação em Educação Especial para deficiência mental, auditiva e visual). Meu coração quase saiu pela boca. Lembro-me perfeitamente de ler as atribuições da carreira e ficar repetindo: É isso! É isso o que eu quero! Naquela época, então com 17 anos, pensando em Medicina (Neurologia ou Psiquiatria), eu nem imaginava que existisse essa profissão.
Era o meu sonho começando a tornar-se realidade. Aquelas crianças que eu vi não seriam meus pacientes, mas meus alunos.
E eu tenho que agradecer a cada aluno(a) que, sem conhecer essa história, participou desse sonho nos últimos 18 anos, desde que me formei.